A busca pela felicidade no trabalho: uma jornada, não um destino

A busca pela felicidade no trabalho: uma jornada, não um destino

Mas afinal, o que é felicidade? Talvez entender que ser feliz e estar feliz não são a mesma coisa possa nos ajudar a compreender melhor o real significado dessa palavra.

A forma como lidamos com nossas vidas, nossas escolhas, desejos e objetivos traçados molda a nossa felicidade, ou melhor dizendo, o nosso propósito de vida. Quando somos capazes de ter uma vida autêntica, interessante, com realizações, vivemos o que os gregos antigos entendiam por eudaimonia. Eles acreditavam que é possível se sentir realizado ou viver uma vida interessante e autêntica, mesmo se sentindo cansado, sob pressão, estressado ou de mau humor. Desse modo, conseguimos compreender melhor que a felicidade é a jornada e não o destino, e que mesmo enfrentando diversos obstáculos em nosso caminho, a vida de sentido e propósito é o que nos norteará.

E quando falamos de uma vida autêntica, interessante e com realizações, não se trata apenas de ganhos e conquistas materiais, mas daquilo que plantamos e colhemos por um bem maior. São nossos valores e nossas forças colocadas em prática diariamente que nos fazem alcançar a eudaimonia.     

Trazendo esse conceito ao mundo corporativo, fica fácil identificar as dores dos profissionais que seguem em busca de uma felicidade que não se fundamenta no que de fato representa. São diversas as histórias em que o sucesso sempre está à frente da felicidade. “No dia em que for promovido, eu serei feliz”; “Quando eu ganhar o salário X, terei minha felicidade”; “Só quando virar diretor, poderei viver plenamente”. Quantas vezes já ouvimos essas frases e, mesmo aqueles que alcançam esses objetivos, não se sentem felizes ou realizados? Essas metas, constantemente traçadas por milhares de pessoas, perdem sentido quando o foco é apenas o final delas.

A felicidade aqui está em viver o processo, compreender a importância de cada passo dado, comemorar toda e qualquer conquista, fazer aquilo que realmente acredita e, principalmente, se desafiar dentro das suas capacidades, aprender com os erros e acertos e aproveitar a evolução.

Trabalho não pode ser sinônimo de fardo, de peso ou de tortura. Escolher nem sempre é uma opção, mas se aceitamos as responsabilidades daquela função, que possamos oferecer nosso melhor, ainda que esse momento seja necessário para objetivos maiores e que faça sentido em nossa caminhada. E mesmo diante da oportunidade de nossas vidas, problemas e desafios vão aparecer constantemente, mas, compreendendo que tudo isso faz parte da jornada, seguiremos engajados e motivados para, aí sim, conquistar o sucesso esperado.  

“Empresas são bem-sucedidas não apenas pela maneira como fazem seus funcionários se sentirem, mas também por conta do impacto que essa maneira de se sentir tem na produtividade e na criatividade deles.” (Richard Barrett, escritor britânico referência em cultura organizacional e desenvolvimento de pessoas).  

  As empresas passaram a ter um olhar cuidadoso para esse conceito no ambiente de trabalho, por acreditar que, contribuindo com a felicidade de seus colaboradores, teriam profissionais mais dedicados, empenhados e produtivos. Tratar pessoas apenas como custo, e não como ativos, é um modelo engessado e que pode levar ao fracasso.

O cuidado com as pessoas passa a ser estratégico para o sucesso dos negócios. Não basta apenas contratar excelentes profissionais, se não puder zelar pelo ser humano que está por trás de toda essa bagagem técnica. Saber ouvir, reconhecer, orientar, desenvolver e cuidar são palavras-chave dentro desse novo mercado. Não é à toa que muitas empresas buscam ações internas visando o bem-estar e o desenvolvimento de seus colaboradores, pois já entenderam que esse movimento é o que vai fazer o negócio se tornar cada vez mais próspero.  

A felicidade no trabalho está não apenas em bons salários, benefícios ou campanhas internas, mas em um ambiente de trabalho saudável, que ofereça oportunidades ao processo individual, contribua para o seu desenvolvimento, esteja aberto a ouvir, reconhecer e valorizar as contribuições de cada um que faz parte desse todo.

Por fim, entendendo nosso propósito de vida, saberemos fazer as escolhas certas em nossa trajetória profissional, alinhada aos nossos valores e potenciais. Da mesma forma, as empresas que entendem a necessidade de contribuir com a jornada de seus profissionais para que estes possam contribuir com o sucesso coletivo.  

A felicidade, sim, é a jornada e não o destino. A felicidade, sim, dá lucro.      


Fabiana Vidal

Fabiana Vidal

Fabiana Vidal é psicóloga, mãe de gêmeas, apaixonada por pessoas e gestora de recursos humanos há quase 20 anos. Lidera a área de Gestão de Talentos e Cultura da Inter.


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