Sementes, raízes e frutos do empreendedorismo

As sementes do empreendedorismo foram plantadas em mim quando eu era bem pequena, porque minha avó paterna, “Vó” Rosa, lavava roupa para fora e com os rendimentos do seu árduo trabalho e do meu avô que trabalhava como motorista, economizaram e compraram o terreno onde construíram sua casa, na periferia de São Paulo, em um bairro chamado Parada XV de Novembro. Vale mencionar que além de lavadeira, minha avó também cuidava de quatro filhos e da casa, ou seja, ela enfrentava com muita resiliência essa tripla jornada porque acreditava ser capaz de construir um futuro melhor para si, para seus filhos e descendentes.

Posteriormente, meu pai deixou um emprego na área administrativa das grandes indústrias Matarazzo para empreender como representante comercial autônomo, função sobre a qual ele falava sempre com muito orgulho. Minha mãe conta da coragem e determinação demonstradas por ele para tomar tal decisão uma vez que, apesar de jovem aos 31 anos de idade, era casado e já tinha duas crianças pequenas para criar. Meu pai diz que sua maior motivação era poder proporcionar mais conforto para sua família.

Outro exemplo inspirador de postura empreendedora que pude observar na minha infância foi minha mãe trabalhando como manicure e com alisamento de cabelo de mulheres afrodescendentes da nossa vizinhança. Posteriormente, ela conseguiu economizar para comprar uma máquina de costura industrial e costurou calças plásticas para ganhar um dinheiro e ajudar no sustento da família.   

Minhas recordações sobre minha infância enchem meu coração de afeto e nostalgia, lembro-me das brincadeiras nos quintais da casa da minha avó e da casa onde eu morava: havia árvores frutíferas, plantas e cachorros e podíamos brincar na terra. Como era um bairro tranquilo, podíamos brincar de bola, de esconde-esconde, de pega-pega, andar de bicicleta e de carrinho de rolimã na rua com muita liberdade.

Fiz magistério no ensino médio e decidi fazer faculdade de pedagogia porque sempre acreditei que a educação abre portas e amplia os horizontes de todas as pessoas. E tendo essa formação como professora, como educadora, eu conseguiria me capacitar e ajudar outras pessoas a desenvolverem seus conhecimentos e terem possibilidades de crescimento nos âmbitos pessoal, intelectual e profissional.

Uma de minhas experiências profissionais mais interessantes foi em uma rede de escolas de idiomas, trabalhei no departamento comercial responsável por fornecer informações e pela venda dos cursos. Tenho uma recordação bastante inspiradora dessa época porque conheci um franqueado dessa rede que tinha pedido demissão de uma empresa privada e começado a construção de sua escola praticamente do zero, participando ativamente da obra de reforma do imóvel, contratando a equipe e realmente utilizando toda a experiência que teve no mundo corporativo como funcionário de carteira assinada, para inovar na criação da escola dele, tijolinho por tijolinho e se tornando um franqueado de muito sucesso.   

Minha grande trajetória no mercado de seguros começou com uma oportunidade de trabalhar na grande escola chamada Funenseg, Fundação Escola Nacional de Seguros, que sempre foi uma referência na área. Inicialmente, fui contratada como analista de ensino para auxiliar nas tarefas administrativas pertinentes aos professores e alunos da instituição. Devido à minha dedicação e compromisso com o trabalho, fui promovida a coordenadora pedagógica. Nessa função, eu era responsável pela organização de cronogramas de aulas para o curso de habilitação, treinamentos para os professores, workshops, atendimento aos alunos já inscritos no curso e interessados em se inscrever e pelo planejamento e implementação de cursos em várias renomadas seguradoras do mercado.

Minha saída da Fundação se deu após a pandemia do Covid-19. Nesse período, durante o qual fomos obrigados a trocar o modelo presencial pelo online, pude refletir sobre minha história na escola e perceber que já estava caminhando para um final. Eu havia traçado uma carreira de sucesso, mas eu queria inovar, empreender e usar a experiência adquirida na abertura e gerenciamento do meu próprio negócio. Após 19 anos em uma escola super renomada, que abria os horizontes das pessoas no que diz respeito ao mundo dos seguros, decidi partir para essa nova empreitada na vida, usando a bagagem de todas as experiências que vivi lá, das lições aprendidas através das relações interpessoais e profissionais, do conhecimento adquirido através de parcerias com diversas seguradoras e muitos corretores e professores, vários dos quais se tornaram grandes amigos e parceiros de negócios até os dias de hoje.   

Quanto à decisão de me tornar empresária, há vários desafios e questões que devem ser considerados antes desse momento de empreender. Uma delas, por exemplo, é se planejar financeiramente, porque no início você pode não ter todo o retorno que você gostaria imediatamente, é mais provável que isso seja conquistado a médio e longo prazo.

Meu dia-a-dia como empresária requer bastante organização e disciplina. Porque, na verdade, não tenho um horário determinado a cumprir, não tenho um chefe a quem preciso me reportar ou responder, mas preciso responder a mim mesma.

Nenhum dia é igual ao outro. Em alguns dias sinto-me extremamente satisfeita, em outros não tanto. Mas a experiência profissional e, obviamente, a busca por equilíbrio emocional, trilhada através de práticas que alimentam a espiritualidade, auxiliam na realização do meu trabalho.   

Ao longo de minha trajetória profissional e pessoal, aprendi a ser bastante resiliente, perseverar e ter paciência em relação aos sonhos que almejo. E, aos 55 anos de idade, dei essa guinada na minha vida e parti para essa viagem com entusiasmo, muita fé e esperança, princípios que considero extremamente importantes e que vêm guiando minhas escolhas.   

Você, leitora atenta, percebeu, pelos termos grifados ao longo do texto, que há outros princípios e posturas que têm me inspirado, ajudado e orientado meu trabalho como empresária. Gostaria de terminar com duas provocações filosóficas:

Quais princípios e posturas têm orientado seu trabalho? Você tem usado seus talentos e suas qualidades em seu favor e em favor do seu sucesso? Nossa jornada pelo mundo do trabalho pode ser significativa e cheia de propósito. Mãos à obra!